quinta-feira, dezembro 07, 2006

Indigestão

luminous-landscape

eu sei. a culpa é minha até um fruto inocente como a maçã pode ser perigoso se devorado em excesso. mas o feito está feito. tenho é de sair desta.


estava eu nestas congeminações quando vejo um papel atirado pela ranhura da porta. era da feiticeira mor a marcar-me encontro na estufa depois de almoço. eu não sou medroso podem crer. mas correu-me um arrepio pela espinha acima.

- ná. pai de outro não! e logo dela!

ela era linda. e quente e essas coisas de que um homem gosta. um homem como eu. mas daí a deitar-me com ela e com o grupo das amigas dos feitiços ia um salto de canguru. só imaginava já a capoeira toda a correr atrás de mim de criancinha ao colo. a berrar pelo pai. não esperei pela quarta mana e fiz-me à vida.

por já ter outro par, por essa altura, atirei com os ténis para bem longe como se a praga que me seguia viesse deles.

Tegtto

e decidi mesmo ir à cata da minha mãe. afinal melhor que ela não podia haver para me aconselhar.

quando a vi mal a reconheci. parecia uma senhora nascida na cidade. o porte. a vestimenta. um doce a quem apetecia mesmo chamar mamã.
a minha louva-a-deus.
Deus a louvasse! nunca imaginei poder amá-la tanto. ao que a necessidade e o desespero nos podem levar...

geraint smith


- mãe! ó mãe! espere aí.

nem se virou. não se lembraria já de ter parido um filho? fosse de padre ou não, era o que eu era, porra!

- baixa o sonoro que não estás na aldeia! só me faltava este! estavas mal no castelo? querias vida melhor? pois já a tens. o que é que queres agora? mais legos ou uma trotineta? pede agora que hoje estou de maré.


falou de uma assentada sem perder o fôlego

engasguei-me eu literalmente com a saliva até entrar em quase convulsão.

- baixa a cabeça. deita isso para fora.

nem uma pancadinha nas costas para apoiar. levaria dali alguma coisa? a dúvida subia ao ritmo do engasganço. até que por fim consegui respirar.

- mãe. disse eu num tom de menino jesus nas palhinhas e tudo. - duas estão grávidas. dizem que sou o pai.

- olha, rapaz, uma certeza tenho, eu não sou. e que queres tu que eu faça? ou que desfaça?

- o que é que eu faço, mãe?

- se casar com as duas não podes, deita à sorte. ou mais fácil ainda, faz como o teu pai.

- e isso é como? nunca me chamou filho?...

- aí tens a resposta. ou não. que a vida é tua. eu vou à minha agora. ah e não preciso de ninguém a chamar-me avó. entendido?

(louva-a-deus! louva-a-deus! louva-a deus!...) e foi a resmorder isto com raiva, que voltei pelo caminho que para lá me levou.

estava frito em azeite. e nem virgem ele era.

Comments:
e assim se irá saber se tal pai tal filho (que até eu pena tenho da ratoeira que lhe fizeram e porquê) ou que decisão a personagem vai tomar.

Aguarda-se!!!
 
sal

estás enrascado meu pobre...

um abraço

della
 
amigue assalta banques

que deliciosa esta tua ironia de bem escrever ... ganhou fôlego a narrativa

apetece.me dizer ... aguenta.te nas canelas ,amigo ,porque "a procissão ainda vai no adro"

( é que em casa de ferreiro ,espeto de pau ,dizem! )

bêjes!
 
Perdido por um...

Nã há dois...

Onde comem três...
 
Desconcertante...!
Mas muito giro... são os dilemas da vida!
 
Mário

vem ver o amor manifesto...
vem se deliciar...
porque viver é isso...
é lembrar ...é amar...é contar

Emilia Couto

(della)
 
Olha que também é difícil aconselhar alguém com um dilema assim. Estou mesmo a ver que vais mandar as criancinhas (ainda por nascer) chamar pai a outro! :)**
 
Este mundo está louco; five coments numa pérola destas?
 
Estou na hora do 'xixi canino'.

volto depois! :)




uma pergunta inocente: anda a 'largar' bocas pelos caminhos da blogosfera? :))))

até lá!
 
Caríssimosd, começo por pedir desculpas pela demora da continuação e agradecer a paciência. Vida de trabalhador.

Beijos e abraços a todos.

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À nova visitante:
eu largo bocas desde que nasci, contava a minha mãe. Mas eu sou filho-de-padre com a minha dose herdada de milagrero por mor disso, tá-me a intenderi?

Fique ben i nã se amofine que nã merece a pena lolololol

Beges
 
Ó meu caro;

(e no caso de 'a nova visitante' ser eu...!) :)))

a vida é curta, tenho lá tempo para me amofinar...! :)))

Fica outra pergunta:

"com a minha dose herdada de milagrero"

não me diga que se chama António!
(eu tenho um 'béguin' pelos Antónios mas não diga nada a ninguém.) :)))

até logo.
 
Claro que é para si, menina das artes coloridas. :)))

O meu nome de origem é Mário (the non-born),

Milagreiro era meu pai, o padre. e a genética, minha querida é infalível ciência já ( ou quase, que infalível será quando se atingir por completo o "admirável mundo novo")
mas Màrio ou António, onde há maçãs não falho. Já lhe disse o nome do meu pai?

ahahahahaha

:))))) Beijo, Linda!
 
Erecteu, caríssimo, para ter muitos comentários na net é necessário comentar muitos blogs e pouco mais.

Nã te preocupes que eu nã ando cá por isso.

Mais valem poucos e...bons!

Abraço
 
Salti,
Estimo-te porque dá para ver que não escreves para ser comentado, ainda que saiba bem ser lido.
Sabemos que és muito mais lido que comentado. Não o és, com certeza, por seres filho de padre. Porque será?
Um abraço
 
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