quinta-feira, novembro 23, 2006

com elas ou sem elas

B Berenika

dei em andar para ali que nem um tronco. daqueles que não se sabe de onde vêm e dão à costa. como uma mulher romântica ou um António Nobre antes da morte. parvo mesmo! não estranhem. aprendi a citar de tanto a velha me obrigar a ler.

aí, as fêmeas entraram em histeria. uma daquelas que a mim teria sabido que nem ginginha com elas se não fosse a apatia em que vivia.

davam-me tudo. ou quase. e eu em pasmo. sem reacção. sem um lamber de beiços natural com tanta guloseima.

fordmanf1

o camafeu deu-me uma bíblia e um terço bento. se calhar tinha sido o meu pai a abençoá-lo. aí deu-me uma certa vontade de rir. mas fiquei pelo certa vontade. rir que é bom, nada.

elas deram-me ténis das melhores marcas e cores. nada.

estava decidido a desistir de enriquecer ali e até de saber o que me levara ao castelo. estava decidido a migrar mas sem rumo. que rumo até as aves têm.

disse-lhes isso. uma por uma. até ao velho mordomo avisei entre dentes como quem lhe rosna. assim ia informar a dona e eu não ia ter de a aturar.

foi então que a virgem que o fora até eu lhe fazer o favor de lhe acabar com a má sina, me apresentou uma ruiva. isto sem mais aquelas. assim, de sopetão. toma lá e não dês cá nada. parecia ela dizer. só não te vás embora senão quem volta ao degredo sou eu.

Adam Orzechowski

bem. eu romântico andava. mas morto não. e a minha curiosidade sobre as ruivas estava pela altura do himalaia.

fiquei. por mais um tempo. numa de logo se vê.

os sacríficios que um homem faz para agradar às mulheres!

agora vou trabalhar para o jardim que já ando há tempo demais sem ar puro e ainda fico com cara de fantasma.


segunda-feira, novembro 20, 2006

ando. às escuras.

donnie mackay

não estou nada bem hoje. certo. ontem bebi e a gente sempre paga o pato que comeu. se é pobre. tudo bem.
onde as coisas pioraram foi quando esta manhã vi um carneiro montez e achei que me estava a ver ao espelho.

porra! disse eu e em voz alta mesmo. o que é que eu ainda aqui estou a fazer? não estará já na hora de dar o salto daqui antes que me suguem a medula?


Sabine L


não sei o que me deu ontem quando vi uma das irmãs, logo a mais velha, à espera, no meu quarto.

debitei-lhe toda a minha paixão pela ruiva desconhecida.

a louca ria. só ria. ria e esperava a sua vez. é um raio de uma qualidade das mulheres: esperar. devem ter aprendido isso ao longo dos tempos na espera de parir.

esperam e ganham sempre com isso. pelo menos esta ganhou.

quando a vi rir. de mim. atirei-me a ela que nem gato a bofe! nunca ela me tinha sabido tão bem. nunca.


Michael Wayand

mas eu queria-a a ela ou queria vingança do rir dela ou queria a moto? digam-me vocês que estudaram. digam lá!

a moto!

pois. vi-a nas mãos de um gorila que apareceu lá para as sessões de magia. voou com uma das bruxas-sem-vassora naquela máquina.

*

este cheiro que trago nas narinas é teu. só teu. sabias? e nem sequer me aproximei de ti.

não tem nada de velas pretas. rendas pretas. cheira a pele branca. a olhos lavados. cheira a esses cabelos quase encarnados. cheira a...

cheira a uma pureza-desdém e sem nenhuma oferta. é disso que sem conhecer tenho saudades.

qual será o odor dos teus cabelos?

*

vou ter de descobrir o que há em comum entre mim e esta gente. porque foi que o padre-pai me mandou para cá? antes disso não salto. antes não!

*

mas é urgente reencontrar-te, mulher!

ou nunca serei homem digno desse nome.


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