sábado, outubro 14, 2006
fui lenhador
tinha de trabalhar. estudar? ali para quê? e tinha de por o pão na mesa fria. também podia ter-me ido embora e deixado a minha mãe ser louva-a-deus onde ele a ouvisse .
sei que não foi por bondade que me dei ao trabalho de trabalhar. foi por causa de um poster na parede. com umas pernas caídas numa oferta, que vê-las só por si fazia-me homem a qualquer hora do dia.
cortar árvores é fácil. vê-las cair com estrondo já não é. tive sorte em saber ler. empreguei-me na farmácia da terra. nem aí precisava da leitura para nada porque só fazia entregas ao domicílio.
na primeira entrega tive sorte de principiante. a mulher vivia longe do povoado e eu perdi-me. ela ofereceu-se para me levar a casa.
usava uma bengala sem ser cega, tinha sede quando lá chegámos. disse-lhe que entrasse. a minha mãe saiu. abençoada hora!
-não fico nesta casa com uma mulher de má fama.
fiquei eu. não era cega, mas todo o meu corpo ficou a saber como os cegos tocam quem anseia por eles. a troco de um copo de água. e de muitos gemidos de um prazer tão novo como eu.
gosto do modo como diz.
abraços
della
Gostei muito!
;)
não precisa pedir desculpas...é que Weg é bicho do mato. Cidade? só em ocasiões imperativas.
ela prefere os caminhos...
grande abraço e bom domingo também.
E, olha, pode vir e brincar.
della
Fraternalmente
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